Blog do escritor Ferréz

O Grande Assalto (conto)

O Grande Assalto

Avenida Santo Amaro. Às 13 h.
Um homem mal vestido para em frente a uma concessionária de automóveis fechada e nota as bolas promocionais amarradas à porta.
Um policial desce da viatura, olha para todos os lados e observa um suspeito parado em frente a uma concessionária. O suspeito está mal vestido e descalço.
Uma senhora sentada no banco do ônibus que pára na avenida para pegar passageiros comenta com a moça sentada ao seu lado que tem um mendigo todo sujo parado em frente a uma loja de automóveis.
Um senhor passa por um homem todo sujo. segura a carteira e começa a andar apressado. Logo que nota a viatura estacionada mais à frente, se sente seguro, amenizando os passos.
Um jovem tenta desviar de trás do ônibus parado, os policias que ele vê logo à frente lhe trazem desconforto, pais seu carro está repleto de drogas que serão comercializadas na faculdade onde estuda.
O homem malvestido resolve agir, dá três passos à frente, levanta as mãos e agarra duas bolas promocionais; faz a conta rapidamente e se sente realizado, quando pensa que ao vender as bolas comprará algo para beber.
Uma moça alertada pela senhora ao seu lado no ônibus, chama a atenção de vários passageiros para o homem que, segundo ela, é um mendigo, e diz alto que ele acabou de roubar algo na concessionária.
Um jovem com o carro cheio de drogas para vender na sua faculdade nota o homem correndo com duas bolas e dá ré no carro ao ver os policiais vindo em sua direção.
Um policial alcança o homem mal vestido e bate com o cabo do revólver em sua cabeça várias vezes; o homem tido como mendigo pelos passageiros de um ônibus em frente cai e as bolas rolam pelo asfalto.
Um motorista que dirige na mesma linha há oito anos tenta ficar com o ônibus parado para ver os policiais darem chutes e socos em um homem malvestido que está caído na calçada, mas o trânsito está livre e ele avança passando por cima e estourando duas bolas promocionais.

Cada Momento - Música do cd Determinação

Cada momento

Cada momento
Ficará só comigo
Mesmo com novos amigos
Ficará só comigo

Na nossa terra falta água
E sobra terra seca
O espelho reflete esperança
Misturada com tristeza

Lá lhe convidam a sentar na mesa
Contam histórias e lêem velhas cartas
Voltam ao passado
Lembram de guerras e mostram marcas

A chuva molha a chuva
Que caiu anteriormente
Assim é o que recorda
A mente de quem sente

Enquanto a vida na cidade
É uma pilha de papel esquecida
Que esconde palavras puras
Que mostram o sentido da vida

O que sinto agora?
Já esqueci de mim
Sinto o vazio, o ausente
A falta da minha gente

A chuva molha a chuva
Que caiu anteriormente
Assim é o que recorda
A mente de quem sente

Ferréz

Release Ferréz 2004


Release Artístico Ferréz 2004
Reginaldo Ferreira da Silva
(São Paulo SP 1975)
Ferréz, nome literário de Reginaldo Ferreira da Silva, é um híbrido de Virgulino Ferreira (Ferre) e Zumbi dos Palmares (Z) e uma homenagem a heróis populares brasileiros.
Ferréz começou a escrever aos sete anos de idade, acumulando contos, versos, poesias e letras de música. Antes de se dedicar exclusivamente à escrita, trabalhou como balconista, vendedor de vassouras, auxiliar-geral e arquivista. Seu primeiro livro, Fortaleza da Desilusão, foi lançado em 1997, com patrocínio da empresa onde trabalhava. A notoriedade veio com o lançamento de Capão Pecado, lançado em 2000, romance sobre o cotidiano violento do bairro do Capão Redondo, na periferia de São Paulo, onde vive o escritor. Ligado ao movimento hip hop e fundador da 1DASUL, movimento que promove eventos culturais em bairros da periferia, Ferréz atua como cronista na revista Caros Amigos. Em sua prosa ágil e seca, composta com doses igualmente fortes de revolta, perplexidade e esperança, Ferréz reivindica voz própria e dignidade para os habitantes das periferias das grandes cidades brasileiras.
NASCIMENTO
1975 - São Paulo SP - 29 de dezembro
LOCAIS DE VIDA/VIAGENS
Viagens por Aracaju, Recife, Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador, Rio de Janeiro, e no exterior: Alemanha, Itália, Portugal, França, Espanha, fazendo palestras e promovendo eventos culturais nas áreas da periferia dessas cidades.

VIDA FAMILIAR
Filiação: Raimundo Ferreira da Silva, motorista, Maria Luiza Cotta, empregada doméstica.

FORMAÇÃO
São Paulo SP - Cursa o primeiro grau no Colégio Euclides da Cunha, com reprovações na primeira e na terceira séries no curso de português
1989 - São Paulo SP - Curso de datilografia na Escola Escreva
São Paulo SP - Cursa o segundo grau no Colégio Estadual de 1º e 2º Graus Margarida Maria Alves

CONTATOS/INFLUÊNCIAS
Influência da literatura de cordel e do rap, que o autor considera o cordel da periferia. Influência e contato com os grupos de rap Racionais MC, Gog (de Brasília), Facção Central (grupo do bairro do Grajaú, em São Paulo) e Consciência Humana.

ATIVIDADES LITERÁRIAS/CULTURAIS
1997 - São Paulo SP - Publica o livro de poesia concreta Fortaleza da Desilusão, patrocinado pela empresa Ética Manpower, onde trabalhou
1999 - São Paulo SP - Fundador da 1DASUL, movimento que promove eventos culturais em bairros da periferia; o nome alude à idéia de que os participantes do movimento são todos um lutando pelo mesmo ideal e pela dignidade da Zona Sul
2000 - São Paulo SP - Publica Capão Pecado
2000 - São Paulo SP - Começa a escrever mensalmente para a revista Caros Amigos
2000 - São Paulo SP - É colunista do site El Foco, onde publica textos semanais sobre o cotidiano da periferia
2001 - São Paulo SP - Colabora no site No.com
2001 - São Paulo SP - É criador do projeto, organizador e editor-chefe da revista Literatura Marginal, publicada em colaboração com a revista Caros Amigos
2002 - São Paulo SP - 11 jun. - Participa do encontro Esquina da Palavra, com Ignácio de Loyola Brandão e Marcelo Coelho, no Itaú Cultural
2002 – escreve matérias para a Folha de São Paulo.
2002 – participa do livro Notebook juntamente com Caetano Veloso, Roberto Freire, Paulo Coelho, Paulo Lins, Arnaldo Jabor, Pelé. O livro é distribuído em Inglês e Espanhol.
2002 - São Paulo SP - 26 jun. – é lançada a revista Literatura Marginal 2, com participação de 20 escritores de todo o Brasil
2003 – São Paulo SP – outubro – lança o livro Manual Prático do Ódio pela editora Objetiva.
2004 – São Paulo SP – negocia os direitos de Manual Prático do Ódio para cinema.
2004 - São Paulo SP – 29 abril. – é lançada a revista Literatura Marginal 3, com participação de 19 escritores de todo o Brasil
2004 - São Paulo SP – 2 julho. – escreve para a revista americana Jungle Druns número 14, o conto "O Plano".
2004 - São Paulo SP – 20 junho. – palestra ao lado de Marçal Aquino, Paulo Lins e Fernando Bonassi no evento: Diferentes olhares em torno da literatura marginal, no Sesc Consolação.
2004 - São Paulo SP – 4 abril. – tem o conto "os inimigos não levam flores" adaptado para o programa Fantástico da Rede Globo de televisão.
2004 - São Paulo SP – 10 abril. – é palestrante na feira internacional de literatura de Parati, tendo um público acima de 1.400 pessoas, entre elas, Dráuzio Varela, Cacá Diegues, Zuenir Ventura, Eduardo Suplicy, Regina Casé etc.


OUTRAS ATIVIDADES
1995/1997 - São Paulo SP - Trabalha como arquivista na empresa Ética Manpower
1999 - São Paulo SP - Trabalha como chapeiro numa cadeia de fast food
Trabalhou também como balconista em bar e padaria entre os 12 e os 16 anos e vendedor ambulante de vassouras. Aos 18 anos trabalhou como auxiliar-geral numa empresa metalúrgica. Estampou e vendeu camisetas com frases de seu livro, Capão Pecado, antes da sua publicação.
HOMENAGENS/TÍTULOS/PRÊMIOS
2002 - São Paulo SP - Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) de Melhor Projeto de Literatura de 2001 para a revista Literatura Marginal, que reúne textos e desenhos de moradores das periferias de cidades brasileiras
MOVIMENTOS LITERÁRIOS
Tendências contemporâneas
LEITURAS CRÍTICAS
"Capão Pecado, de Ferréz, participa do mesmo esforço de construção de uma ‘atitude’ de protesto social, afirmação de orgulho da raça, criatividade artística e ameaça de revolução ‘gangsta’ que tem caracterizado a ação do chamado ‘movimento hip hop’, interessado em construir algum sentido de comunidade face à violência e à miséria limítrofes experimentadas na periferia das grandes cidades brasileiras. O livro procura dizer, na forma do romance, o mesmo que o ‘rap’ dos Racionais e das letras de Mano Brown, para citar aqui os nomes dos artistas mais conhecidos de Capão Redondo, zona sul de São Paulo, capital. Mas que não haja ilusão: Capão também é aqui e o seu destino tem tudo a ver com o nosso.
Começaria observando, em relação à analogia com o ‘rap’, que já por pretender o mesmo que ele, o esforço de Ferréz é também diferente, pois enquanto os ‘rappers’ já encontram, em algum grau, uma estrutura rítmica e musical organizada segundo o modelo principal norte-americano, sobre a qual podem produzir o seu próprio trabalho, a coisa é outra quando se trata de escrever um romance. Ferréz não tem em mãos uma ‘linguagem’ hip-hop neste gênero literário para fazer nela a sua contribuição particular em prol dos direitos ‘manos’. Não encontra pronto quase nada que lhe possa servir imediatamente de modelo fora do cânone letrado, mais ou menos erudito, a que só têm acesso os ‘playboys’, que são todos os que não vivem sob o regime de crueldade instalado na periferia, e que, por isso, são identificados com os que o promovem.
Evidentemente, as próprias letras dos ‘raps’, com seu misto básico de crônica do gueto, convocação da ‘irmandade’ e desafio à ‘polícia’ (seja no sentido mais restrito deste termo, seja no de organização política da sociedade) fornecem a primeira referência de construção do relato, com suas efabulações ao mesmo tempo cruas e verborrágicas, sexistas e devotas, pedagogicamente militantes e politicamente ingênuas, sentenciosas e repletas de jargão - um pouco de modo a encarnar da maneira mais assustadora possível a própria imagem fixada pelos preconceitos raciais e sociais em relação à periferia e seus moradores. Mas isto não dá um romance e, neste ponto, é que se pode reconhecer a melhor medida da tarefa empreendida por Ferréz: trata-se de saltar além da música associada ao gueto e de adotar um gênero que não apenas não se espera dele, como, a rigor, está vedado a ele, com a exclusão social que se cristaliza pela exclusão da escola e do acesso à leitura e à escrita."
Pécora, Alcir. Querido sistema. Correio popular, Campinas, 4 nov. 2000.

FONTES DE PESQUISA
FINOTTI, Ivan. Bem-vindo ao 'fundo do mundo'. Folha de S. Paulo, São Paulo, 06 jan. 2000. p. 4-1.
PAIVA, Marcelo Rubens. Literatura da periferia vê ódio substituir malandragem. Folha de S. Paulo, São Paulo, 22 jul. 2000. p. E1.
Maiores informações:
Site www.1dasul.com

Faz ele Rí (poesia) Inédito

Faz eles rí

Us fio tem que entendê
Que siozinho qué rir
Us minino mesmo sofrendo
Tem que aprendê a si diverti


Num basta o sofrimento
Incultado nessa vida
Num basta as mazelas
Vamus esquece as ferida

Antigamente povoação
Hoje é periferia
Zumbi nunca chorou
Morreu na loca corrida

Us encantados foi embora
Se acabaram no bar e na cerveja
Rei Nagô se lamenta
A morte única certeza

Povo guerrero num ri de tudo
Abandonô terrero e esqueceu
Preto evangélico hoje ora
Pai salva filho teu

Mais do céu num vem melhora
Caboclos se entristeceu
Esqueceram os traços e raízes
De um povo que pru zoto viveu.

Muita coisa mudou na estória
capitão mantinha na corrente
A evolução veio sem demora
Hoje o preto pra polícia é delinqüente.

o grande assalto (conto)


O Grande Assalto

Avenida Santo Amaro. Às 13 h.
Um homem mal vestido para em frente a uma concessionária de automóveis fechada e nota as bolas promocionais amarradas à porta.
Um policial desce da viatura, olha para todos os lados e observa um suspeito parado em frente a uma concessionária. O suspeito está mal vestido e descalço.
Uma senhora sentada no banco do ônibus que pára na avenida para pegar passageiros comenta com a moça sentada ao seu lado que tem um mendigo todo sujo parado em frente a uma loja de automóveis.
Um senhor passa por um homem todo sujo. segura a carteira e começa a andar apressado. Logo que nota a viatura estacionada mais à frente, se sente seguro, amenizando os passos.
Um jovem tenta desviar de trás do ônibus parado, os policias que ele vê logo à frente lhe trazem desconforto, pais seu carro está repleto de drogas que serão comercializadas na faculdade onde estuda.
O homem malvestido resolve agir, dá três passos à frente, levanta as mãos e agarra duas bolas promocionais; faz a conta rapidamente e se sente realizado, quando pensa que ao vender as bolas comprará algo para beber.
Uma moça alertada pela senhora ao seu lado no ônibus, chama a atenção de vários passageiros para o homem que, segundo ela, é um mendigo, e diz alto que ele acabou de roubar algo na concessionária.
Um jovem com o carro cheio de drogas para vender na sua faculdade nota o homem correndo com duas bolas e dá ré no carro ao ver os policiais vindo em sua direção.
Um policial alcança o homem mal vestido e bate com o cabo do revólver em sua cabeça várias vezes; o homem tido como mendigo pelos passageiros de um ônibus em frente cai e as bolas rolam pelo asfalto.
Um motorista que dirige na mesma linha há oito anos tenta ficar com o ônibus parado para ver os policiais darem chutes e socos em um homem malvestido que está caído na calçada, mas o trânsito está livre e ele avança passando por cima e estourando duas bolas promocionais.

Paz a quem merece

Participação de Ferréz no cd Direto do Campo de Extermínio (Facção Central)
A pergunta é uma só Ferréz
porque a tríade, paz, periferia e guerra.
As respostas que tenho, e que a maioria tem geralmente são ilusões
Mas vou tentar falar de paz, periferia e guerra.
A paz é uma pomba branca.
Se uma criança pobre soprar, suas asas não se mexem
Se um detento a segurar, sentirá seu peso como se fosse chumbo
Se uma senhora aposentada a acolher em seus braços não sentirá o calor
Se um desempregado olhar bem em seus olhos nela não verá alegria
Se um professor a estudar, aos seus alunos não poderá ensinar.
Se um menino ou menina desse grande Brasil periferia a olhar voando
Não saberá o que ela significa
A paz é uma pomba branca
Que apesar de tudo ainda continua voando.
E todos a vêem,
Mas só quem merece realmente a conhece
Paz só a quem merece.
E aos que não, Guerra.

Rio de Sangue (crônica)


Rio de Sangue (Crônica) Ferréz

Fique a vontade para entrar no mundo adulto da violência gratuita, do grande plano de manipulação que joga contra o revoltado e tão cansado povo brasileiro, da covardia sem limites, do esfacelamento de famílias, do rio de sangue temperado com baixa estima, e das vielas cheias de corpos cansados demais para entender a difícil engrenagem de uma sociedade fantoche..
Veja em primeira mão, os hematomas, os meninos que apanham do soldado que é pago para dar segurança e proteção ao povo espancado, soldado que seduz meninas de 12 anos nas portas dos colégios, soldados sustentado pelo voto mal dado, pela fila quilométrica na hora de tirar o título, um grande círculo vicioso, que alimenta a cadeia de parasitas que a própria justiça nunca alcançará.
Deus daí a morte lenta para os que tanto chupam, para os que voltam de tempos em tempos para chupar mais, a profecia da safadeza deslavada renasce de novo, o antinome da besta fera, ele voltou, fez obras e roubou, mas voltou, não culpai o meu pai esse povo que não sabe votar, esse povo que elegeu a esposa do incompetente herege.
Eu quero ter o belo prazer subversivo de cantar meu rap, eu quero ter o direito arbitrário de escrever minha literatura marginal, eu quero ser preso, mas por porte ilegal de inteligência, antigamente quilombos hoje periferia, o zumbi zumbizando a elite mesquinha, Záfrica Brasil um só por todos nós, somos monjolos, somos branquindiafros, somos Clãnordestino, a peste negra, somos Racionais, somos Negro Drama, e minha posse é mente zulu e vivemos numa Estação chamada hip-hop.
Raciocino a luz de velas, leitura feita nas proximidades do córrego, pequena biblioteca cheia de livros cancerígenas no quartinho da escola, o grêmio que é massacrado pela diretora que veio do outro lado da ponte, que não conhece uma viela depois dos muros da escola, o exemplo do estado começa sedo, pois eles não suportam isso, eles só suportam e querem o controle e contenção.
O mesmo cd que passa sertanejo, axé, pagode, também passa Rap, o mesmo playback, só que o nosso é mal visto, conscientizar é pecar, esclarecer é errado, temos que valorizar somente o entretenimento, e tudo isso bem controlado, fiscalizado, apropriado se for o caso, o mercado da falsa música, do falso artista, do falso jornalismo é o maior veículo anestesiante que existe.
As empresas de motoboys estavam a mil, cada motoqueiro ganhava um salário que compensava o risco, assim como também foram as lotações, agora vai começar o cadastramento, o controle e a verdade é que o Estado está organizado para não deixar que a elite perca poder econômico e político, estão todos preparados para boicotar qualquer tentativa de crescimento da classe tida por eles como mais baixa, que na real somos nós.
Somos manobrados, de uma religião até o time preferido, e só inteligência e a criatividade para nos manter vivos em primeira instancia, e depois proliferando o grande plano de controle que estamos submetidos, nos tiraram tudo, e hoje quando nos sentamos em frente a uma praça nos sentimos culpados, parados, devíamos estar trabalhando, produzindo, lutando, comprando, é para isso que servimos, recarga do capitalismo.
São centenas de viúvas, chorando lágrima de sangue, dentro dos barracos, enquanto seus filhos saem às ruas para serem presos e mortos, o jogo é claro, quem ganha com a vida criminal, é o estado, que super fatura os custos da cadeia, que paga salário de juiz, acerto para os delegados, e um cachê básico para os caixões continuarem descendo nas covas periféricas.
Tanto escândalo pela morte de alguns da elite, e o Sabotage, quem investigou? O que aconteceu?
Dona Maria não tem os quinze centavos para o pão, mas mantém a bituca de cigarro entre os dedos, a fumaça sobe, o pulmão fica preto e as empresas milionárias, ela sente um alívio, algo se acalma dentro dela, lá fora rios de sangue na viela.
Nos dias das mães seu filho vai lhe dar um boletim de ocorrência assinado de presente, do outro lado da ponte muitos vão ter um futuro, vão ficar com o cabelo branco, formados nas faculdades, também usando as mesmas drogas, só que podendo pagar, reduzindo o salário dos funcionários dá até para esquiar no exterior.
Nesses o fantasma da droga não fará tanto estrago, um entre o começo do filme no cinema, e o outro nas vielas da vida, um bem arrumado todo engravatado, olhando no espelho e vendo o filho tão elogiado, o outro vendo roupas no varal, sangrando os joelhos nos cacos de vidros, um dando um par de passagens para a disneylândia de presente para os filhos, e o outro rezando por dias melhores que certamente não virão.
A campanha da televisão só foca o pobre, o cara de touca, nunca o playboy que gerência a plantação de cocaína para o pai que nesse mês prometeu não faltar a assembléia, afinal negociou a aprovação da nova lei para aqueles que bancaram sua campanha, somos todos prisioneiros de um mundo irreal.
Os tidos revolucionários que conheci, se deram bem resolveram seus problemas, alguns até foram eleitos, falam nos palanques com mais energia, e citam exemplos de sofrimento que eu mesmo passo todos os dias, só que depois sentam nas mesmas cadeiras, participam das mesmas negociações e quem acreditou, quem militou hoje passa fome, não tem onde morar, e quando ficar doente vai ser internado no mesmo hospital que todo pobre vai no final, no cemitério mais perto.
Não temos medo nem raiva do poder, mas temos nojo "dessa" forma de poder, a forma que o jeitinho brasileiro consagrou e hoje faz milhões de pessoas choraram lágrimas de sangue, a cada trabalhador sem o registro na carteira, que não leva mais o alimento para dentro de casa, que não mantém mais o respeito dos próprios filhos, que acha no álcool uma forma de fugir do pesadelo que virou sua vida, o ultimo dia em que foi feliz foi quando pegou aquele salário pela ultima vez.
Ninguém da estágio para periférico, só membro da Uniban tem chance no mercado, aqui é a mãe chorando, implorando pro traficante para o filho segurar a pistola.
Foi com o nome de Jesus que muitos compraram triplex, e na tv em preto e branco eu vi a vitória da seleção mais bonita do mundo, meu orgulho encheu, meu prato não, enquanto for assim minha facção é periférica, e todos tem que se conformar com a paz, mas só atrás dos muros autos, não é pelas mortes de pobres nos morros que a elite ta reclamando, que as apresentadoras loiras tão chorando, não é pelo preto, nem pelo pobre, é por seus próprios rabos, a coisa desceu pro asfalto, o sangue chegou perto, quantos avisos, quantos pedidos de socorro, mas a criança cresceu, sem nada, nada.
Além dos condomínios existe vida real, há muito tempo falamos, ninguém ouviu, filmes são vistos, livros são lidos, discos foram ouvidos, mas não entenderam ainda o que queremos. Respeito. Só respeito como seres humanos, ponham muros, subam com tropas, cerquem discriminem, invadam os barracos, ameacem as crianças com a farda, o começo do ritmo frenético está começando, afinal vocês consomem muita droga e alguém tem que vender, o fuzil no auto do morro é para proteger seu vício, o dinheiro gerado vira arma para promover sua próxima festa, morram com a isca que vocês jogaram, é só pena que muitos inocentes também paguem, e isso é lamentável, gente que nunca usou nada, gente que tava só voltando pra casa.
A guerra é assim, leva um monte de alma inocente, deixa um monte de lágrimas formar um rio na periferia, pena que os culpados não chega sequer a ouvir o barulho dos tiros.

sobre o site

informamos aos parceiros que o site 1dasul.com foi desativado, infelizmente perdemos mais um elo da corrente, mas vamos em frente, aprendi a mexer com o blog para dar um salve e deixar umas palavras pra banca, portanto daqui em diante aqui você pode ver os textos novos e no fotolog 1dasul.fotogold.com.br você pode ver as fotos da banca e dos corres.
agente vai se encontrando e comentando as fitas, em breve vai ter os textos inéditos e vou estar colocando uma sessão de contos (todos inéditos)
um salve
Ferréz

o Inimigo USA

Se liga nessa rapa, esse Blog é feito para informa e conscientizar, então vai ai um pedaço da matéria do Bourdokan, lá da caros que é foda, quem puder conferir na integra vale a pena.
Estados Unidos com cinco porcento da população mundial, consomem 35% da energia do planeta
40% da riqueza do planeta é controlada por 300 pessoas
2 bilhões de pessoas dormem com fome todos os dias
6 monstros conglomerados que acusam de terrorista o infleiz que explode o corpo para chamar a atenção para seu povo
Aol Time Warner
Walt Disney company
Bertel Smann Ag
Viacon
Newscorporation
Vivendi Universal


se ligou nessa, os monstros são esses, que comandam a vida de milhões de pessoas em todo o mundo.
o estudo é nosso único estudo, como diz o Gog, então temos que ter um senso do que tá acontecendo pra num vacilar.
um salve

Ferréz

é nóis na fita

Agora fudeu tudo, o blog do Ferréz chegou, prus mano que duvidou e homenageando us que acreditou, firme e forte, vivão e vivendo, mais um elo na corrente.
escrevendo prá carai, relatando du gueto, só us verdadeiro.
toda semana, noticia da banca 1dasul, toda semana textos prá gente poder saber um pouco mais da nossa história e dar valor na nossa cultura.